quarta-feira, 15 de agosto de 2018

a noiva, a eternidade




o pai que anima-se com a eternidade de seu casamento arruma seu castelo com poemas matinais, onde tudo

é força de um frescor maduro e distante :: acho que o par masculino-feminino, nessa distância, se amplia em

guerras e revoadas :: seu amor é tão intenso que repercute anímico :: tudo é fantoche de uma declarada guerra 

em busca da paz :: não acho que ser pai seja coisa fácil :: muitos torneios são abertos ao mesmo tempo :: 

e é preciso vencê-los, todos :: estender varais que são portas a um horizonte mágico :: dosar a imaginação das 

crianças, enquanto se lhes ensina a desenhar ou a dar nós em cadarços :: amar os livros contidos no seio da mãe ::  

toda uma selvagem extensão de povoamentos literários :: e se hoje meu melhor momento é, efetivamente,  

escrever um livro único sobre as visagens, que tenho, em torno da fertilidade materna, retorno ao meu heroi menino, 

ancorado em ninhos de pássaros e pulsações silvestres, bem fluidas, tocadas pelo espetáculo das cascatas e a 

liberdade das plumas :: ser pai não é domesticar-se a ponto de ser uma não-ausência, vivida, na vida dos filhos :: 

ser pai não é drogar-se até a morte, em parceria com os perigos da cotidianidade austera, cheia de desastres inevitáveis ::  

ser pai continuará sempre sendo uma geração de luz reveladora, a ponto de todas as ótimas descobertas, 

das mais finas e frutíferas especiarias, ser a comunicação do novo lar, e a esposa renovar-se enquanto noiva enfeitada 

pela terra, a partir das vicissitudes  do morar humano :: quero gozar desse aconchego, iluminado por fagulhas, alimentado



por oleosidades e essências construtivas, banhado por notas musicais ::  minha noiva não é apenas a maior densidade 

que meus olhos já conseguiram acumular em termos de divagação e beleza noturnas :: sua face pinta uma retidão à altura do grave útero

em que se dicionarizam bênçãos sob a forma de mães ou meninas :: tudo ali é mágico e designa movimentos 

femininos ultra libertários bonitos em favor de iemanjá :: tudo é pomba esplendorosa matriz :: estou guerreando 

por essas asas, por essas moles águas :: eu tenho sonhares que simbolizam o máximo de nupciais fontes escondidas, 

se me recordo que todos os dias minha noiva, sempre bela e difícil, me ensina a ser o noivo bom, pintor das mais 

nobres causas, iluminado e contrito, ampliado em sendas de filosofia, que apontam para um destino humano, humaníssimo ::            




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