domingo, 10 de outubro de 2021


 

passo a mão pelos meus pensamentos,

fortalezas imperiais 

que me permitem ser de todos,

ser soldado,

o não violento soldado ::

penso na forma juvenil de

meu artístico lema,

do que trago no peito

como um bordado,

livro aberto de krishna,

ardendo com a limpeza

de um beijo,

um água mítica doce

e quente 

como o beijo

de uma face

de pedra, indestrutível

pois em permanente

gozo ::

penso no adro e na fortaleza

do cavalgar, na

fertilidade do mênstruo

a reforçar dramáticos

intentos, 

reforçar retratos

que representam

as cores de nosso

amor romântico e

casto, fingido e mágico ::

és moça dona de um complexo

caldeirão angélico ::

és bruxa sem sê-lo,

és a natividade dourada ::

e seguro-me no semblante sagrado,

como um anjo profético ::

és pensamento virginal do poeta,

a escrever com autoridade amazônica ::

sombras fazem reflexo, e há uma 

escultura humana de carne

em barro ::

somos soltos no pátio,

somos sonho que dEus

não aprisiona ::

somos, enfim,

pássaros a voar

trazendo no bico

um ramo de paz

e geração profética, 

gerados

no útero malvado

e bonificado da 

mãe-mulher-irmã-filha-guerreira::

essa fortaleza

chama-se mulher ::

somos, enfim,

o meta-momento

trágico, a nova pena

com que se escreve

o sofrimento ::

na alvorada de um novo

volume de razão filosófica,

somos agora sílvia a marcus,

unidos formalmente

pela unção de brasileira voragem

que vai ao infinito e ao fim de

nosso lamento ::


29 ago.


++ brinquedo para o casamento

transforma em brinquedo todas as tuas aflições :: brinquedo para brincar com tua companheira :: alarga

as horas da brincadeira, e abranda as horas de fuga, causadas pelo desespero :: brinca mais, a cada dia

mais, até seres capaz de trazer a ela, todos os dias, um anel delicado escondindo em um ninho, como

essência de teu poema original :: seja esse o padrão do cotidiano, sejam as horas de lavar a cozinha, e o chão,

uma possibilidade de revolução no pensamento, no aconchego dos sentimentos amorosos, na cruza dos

pares, na união matrimonial inteira ao infinito :: depois dorme, e como chocolates, enquanto na alma a penúria

se acalma e uma voz serena nos alimenta de sossego e fantasia :: essas poças líquidas da alma são a fonte do

brinquedo, e nos ensinam a dizer, "menina, eu te amo e em teu laço serei sempre pequeno e tímido, o teu eterno namorado e teu eterno menino" ::