astro rei :: esperamos os mates e as runas, as
redenções robustas de athaualpa yupanqui :: atentos
aos fortes, aos que voltam, aos que jogam
foguetes :: ó vós, sonoro místico :: sou homem sério, sem ser nervoso ::
ritualizo não esquecer o clã :: ritualizo
enloquecer apenas por pequenos lapsos, como profecia laçada no céu,
para
atuar no revigoramento de teu dínamo :: somos passado agreste, somos intenção
andorinha :: e esta deuSa, virgem nua, que ao
meu lado anda, afagando as asas de meu anseio
mais menino, é manto e revolução, como uma manta
de charque, carne saborosa que me enobrece a boca
e tudo o que ela amplia, fala, soluciona :: ao mestre
andorinha, seu andor, seus amores em glória,
dedico o vasto prado sobre o qual minha nudez, e a tua, ó minha amada, se
envaidece em religação com iemanjá, o vento, o
ferro, a linha fria do horizonte escravo :: somos cavalos,
somos soldados, somos amantes, somos guapos
sentinelas de sonhos alentejanos, somos anjos despertos
e aconchegados um ao outro pelo mais sentido
oculto perfume umbilical
da terra :: nessa pradaria de um inverno fictício
e um verão ameno, não há violência, mas um ermo de se viver solito a poesia do
enomoramento ::
te amo,
pela terra que defendemos, paraíso do moço da
casa cristalina, pelo gado que sonhamos, nossas aguadas, nossos enjôos, nossas
senzalas
agudas em que parimos e ninamos, sorrimos e
cantamos, escutamos a estridência de um cantar do galo
e as vidências ciganas de uma pomba negra
anímica, rouca, espantada, ardente, libertária inspiração
da guitarra e da lira :: pelo arredor do nobre
castelo, são nossos feitos o sal, o pão, o cravo, a poesia :: o jeito manso de
esperar,
a vocação para tudo, a pontiaguda retidão na
vanguardaria dos valores esquecidos :: são nossos filhos as cinco
pontas do cruzeiro :: e o meu revólver é essa
vazão de uma rara lembrança do útero materno, que não
me para de pedir outros meios, novas formas de
alimentar nossos netos :: não estamos ficando velhos ::
um bebê aninha-se em nosso ventre, confuso e
maestro, estranho como o jeito sempre estranho
de se renovar o mundo com a dignidade gaúcha,
cabocla e cigana de que somos herdeiros :: eu te agradeço, e enegresço,
eu me enterneço em teus braços, eu cruzo a nado
todos os dias um oceano bravio e assombroso,
só por mim descoberto, docificado à noite pela
sereia longínqua, pelo volume de teus seios :: eu sou o homem
bondoso por ti sonhado, eu sou a dignidade
semeada neste pago por teu augusto pai :: eu tomo a aguardente
que é a bicada de um pássaro, eu controlo o
pÂnico das manadas :: eu sou o vento frio e cortante
que você determina :: eu sonho com a cobertura
reunidas em uma, pelas quais eu poderei continuar
dizendo eu te amo, todos os dias à noite, na hora
da verdade e da mentira saborosa em frente À
televisão
:: na hora do mate :: na hora da janta, na hora da cama :: aqui, em
são paulo, no rio eterno, na bahia,
no curral em que somos gente e gado, gado aberto
e benzido, a berrar e a produzir galanteios :: gaúcho
pilchado e prenda sofisticada, animação do mais
agigantado e profundamente humano de todos os rodeios da realeza em festa ::
neste de glosar de amores eternos, picados pela
vertigem amorosa dos deuses em guerra e sacrifício, na doçura eterna do paraíso
de nossa casa ::

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